quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Essa noite visitei uma praia diferente.

No mar, um homem enfrentava as ondas

de corpo inteiro —

e saía abraçado a muitos peixes,

que deixava sobre um grande lençol

estendido na areia.


Quando voltou ao mar,

o pescador era meu pai.

Entrava nas águas de novo,

abraçado aos peixes,

tirando-os do mar com o próprio corpo,

e nada mais.


Os peixes sossegavam

nos braços do meu pai.


Pessoas se juntavam em volta do pano 

para ver o bom trabalho do pescador:

peixes que, em seu colo, dormiam.


Os curiosos começaram a pedir:

“Posso levar o xaréu?”

“Posso ficar com o robalo?”


Minha mãe se aproximou

e apenas olhou.

Ela e eu estávamos contentes —

a técnica e o ofício do velho

enfim reconhecidos.


Meu pai, generoso,

deixava que todos levassem a pesca:

mais uma virtude

louvada por todos.


Sobraram apenas os pequenos,

que minha mãe pôs no cesto:

“Até que dá pra nós.”


Meu pai voltou ao mar,

disse que pegaria mais.

Dessa vez fui atrás —

queria aprender.


A praia começou a se apagar.

Lutei para não acordar.


Já sei admirar.

Resta aprender.

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