Essa noite visitei uma praia diferente.
No mar, um homem enfrentava as ondas
de corpo inteiro —
e saía abraçado a muitos peixes,
que deixava sobre um grande lençol
estendido na areia.
Quando voltou ao mar,
o pescador era meu pai.
Entrava nas águas de novo,
abraçado aos peixes,
tirando-os do mar com o próprio corpo,
e nada mais.
Os peixes sossegavam
nos braços do meu pai.
Pessoas se juntavam em volta do pano
para ver o bom trabalho do pescador:
peixes que, em seu colo, dormiam.
Os curiosos começaram a pedir:
“Posso levar o xaréu?”
“Posso ficar com o robalo?”
Minha mãe se aproximou
e apenas olhou.
Ela e eu estávamos contentes —
a técnica e o ofício do velho
enfim reconhecidos.
Meu pai, generoso,
deixava que todos levassem a pesca:
mais uma virtude
louvada por todos.
Sobraram apenas os pequenos,
que minha mãe pôs no cesto:
“Até que dá pra nós.”
Meu pai voltou ao mar,
disse que pegaria mais.
Dessa vez fui atrás —
queria aprender.
A praia começou a se apagar.
Lutei para não acordar.
Já sei admirar.
Resta aprender.
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