sexta-feira, 3 de abril de 2009

ainda o vinho


Quatro da manhã estival.

O sono de amor permanece.

Nos arbustos desaparece

O perfume do festival.


Ao sol das Hespérides vão

Os Carpinteiros, na rotina

Da distante e vasta oficina.

Em mangas de camisa estão.


Calma e rugosa solidão

É a deles, fazendo os preciosos

Lambris, nos quais céus fantasiosos

Os citadinos fitarão.


Deves, Vênus, abandoná-los,

Os teus coroados Amores,

Por esses bons trabalhadores,

De um rei babilônio vassalos.


Banho de mar ao meio-dia

Vão tomar os trabalhadores.

Dá-lhes, Rainha dos Pastores,

Dessa aguardente que alivia.


Jean-Arthur Rimbaud em Delírios - II, Alquimia do Verbo

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