sexta-feira, 1 de novembro de 2024

presilha


Perdi-me quando me mutilaste.

a.mor: eu, osso de outro.

 

Sen

  ti.

 

Objetos marcam tua ausência

numa paisagem inacabada.

 

Atrás da foto arrancada do mural,

uma letra vermelha: carinho.

Na gaveta, um bilhete entre roupas,

no escritório, cadernos abertos,

no varal, uma camiseta esquecida.

A presilha favorita,

sobre a pia do banheiro.

 

As plantas murcham por educação.

 

Casa sem ti

Tanto vão

Mas tu, ainda.

 

Fui-te escondendo, encaixotando—

fundos de armários,

cantos cegos.

Lugares onde nem se pensa,

nem se velam os rastros,

nem se lembra por acaso.

 

Fecho a porta devagar,

como quem guarda uma infância—

com o cuidado

do nunca mais.