Perdi-me quando me mutilaste.
a.mor: eu, osso de outro.
Sen
ti.
Objetos marcam tua ausência
numa paisagem inacabada.
Atrás da foto arrancada do mural,
uma letra vermelha: carinho.
Na gaveta, um bilhete entre roupas,
no escritório, cadernos abertos,
no varal, uma camiseta esquecida.
A presilha favorita,
sobre a pia do banheiro.
As plantas murcham por educação.
Casa sem ti
Tanto vão
Mas tu, ainda.
Fui-te escondendo, encaixotando—
fundos de armários,
cantos cegos.
Lugares onde nem se pensa,
nem se velam os rastros,
nem se lembra por acaso.
Fecho a porta devagar,
como quem guarda uma infância—
com o cuidado
do nunca mais.