Seríamos como formigas,
ocupados de dia
— corpos miúdos em mecânica paz —
mas não somos formigas.
E nos e s m a g a m o s
[por repetir]
e a chuva invade o país:
a raiz que se enovela no hálito da terra,
a folha que despenca antes de abril
perto, um pássaro
rasga
o silêncio
a palavra calada
(persistirá, sempre, antes e depois).
Então,
quando o centro nos expelir
frutos de primaveras mal paridas,
longe da terra que nos fez companhia
seremos outra vez
seremos outra vez
— indivíduos desgarrados —
só
nós
dois.
junho de 2012